Saiba como se proteger com técnicas de antivigilância

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Caroline Neil, consultora de Segurança do INSI (Foto: Isabela Dias)

Um ponto fundamental do trabalho do jornalista investigativo é ser invisível, ou pelo menos, próximo disso. O planejamento para evitar rastros pode representar a diferença entre alcançar o sucesso ao contar uma história e sucumbir aos riscos de uma operação. O International News Safety Institute (INSI), órgão destinado a oferecer aconselhamento e treinamentos práticos de segurança para jornalistas que atuam em ambientes hostis, foi representado, nesta segunda-feira (14), pela consultora de segurança Caroline Neil, da Inglaterra, na Conferência Global de Jornalismo Investigativo .

A especialista, com experiência na África, Oriente Médio, América do Sul, Iraque e Síria, introduziu algumas das principais técnicas básicas de combate à vigilância indesejada por jornalistas em ação, que podem inclusive ser utilizadas em casos de perseguição ou possíveis assaltos no dia a dia:

1) Pense como um espião! A melhor maneira de desarmar um potencial perseguidor é tentar pensar como ele. Faça perguntas do tipo: o que ele quer saber? Quem pode procurar? Onde? Busque se antecipar: o fator surpresa é sempre uma vantagem.

2) Desenvolva street skills (habilidades da rua): Elas poderão ser as suas melhores amigas na hora de se manter vivo.

  •  Se o seu objetivo é não ser identificado, evite usar roupas de cores chamativas, pois elas te tornarão um alvo fácil mesmo entre um grande grupo de pessoas ou à distância.
  • Abra mão do seu celular smartphone, eles podem denunciar sua posição. Contente-se com o velho aparelho móvel básico, aqueles que fazem apenas ligação e são um puco maiores. Estes dificultam o rastreamento e não oferecem o risco de ligar facilmente mesmo estando desligados. Se for muito apegado ao seu smartphone pode levá-lo consigo desde que desligado e sem a bateria. Para evitar a possibilidade  de o microfone seja ativado sem o seu consentimento.
  • Preste atenção no ambiente ao seu redor. É fácil não ver alguma coisa quando não estamos procurando por ela, por isso evite todo tipo de distração. Caroline Neil apresentou aos presentes um vídeo, assista-o procurando observar as pessoas vestidas de branco.

3) Despiste seu perseguidor:  

  • Planeje antecipadamente suas rotas antes de um encontro com sua fonte.
  • Dispense o localizador do seu celular e prefira o tradicional mapa de papel.
  • Mude de direção, alternando entre vias mais movimentadas e outras mais desertas. Assim você induzirá seu perseguidor a pensar que você tem uma razão para estar se desviando.
  • Vá a pé, pois você terá mais controle sobre a situação e tempo para tomar decisões.

4) Saiba como detectar uma operação de vigilância: Se você acha que está sendo seguido, provavelmente está.

  • Procure por homens ou casais. Eles têm a aparência de pessoas normais, se vestem de maneira discreta e se comportam de acordo com o ambiente em que estão. É, a missão não é fácil.
  • Os operadores costumam se alternar nas perseguições. Com deslocamentos constantes, você tem mais chances de identificá-los no momento da troca de posição.
  • Embora sejam bem preparados, até os melhores profissionais erram. Procure por pessoas agindo de maneira estranha, mexendo no celular ou em brincos, podem ser pontos de áudio ou fones escondidos. Se alguém estiver olhando de maneira excessiva para você, fique atento.
  • Aproveite oportunidades para se virar e tentar identificar seu “acompanhante”. De forma natural, finja estar perdido ou procurando um endereço enquanto fala ao celular, dê a impressão de que esqueceu alguma coisa, olhe para seu relógio, e altere sua rota, ou entre em lojas e shoppings. As vitrines e janelas de vidro, além das escadas rolantes, permitem que você exerça a contravigilância. Atravessar uma rua pode ser o momento ideal para verificar quem vem pelos dois lados.

5) Forneça o mínimo possível de informações pessoais: Os procedimentos de vigilância são baseados na identificação de um padrão de comportamento, no reconhecimento da rotina do alvo. E também serão visados familiares e amigos próximos que possam fornecer informações. Por isso, evite ter perfis públicos na internet: Toda a sua vida está online!

6) Escolha bem o local de encontros: Encontrar uma fonte pode ser o caminho mais eficaz para se chegar a um furo, mas também pode tornar a vida do jornalista mais vulnerável. Analisar o melhor local onde fazer a troca de informações é fundamental.

  • Faça um reconhecimento do local. O melhor ambiente pode variar de acordo com o país ou cidade onde está, é importante buscar informações sobre a região onde fará o contato com a fonte.Hotéis costumam ter câmeras no saguão de entrada, por isso prefira cafés e restaurantes. Senta-se sempre voltado para a entrada possibilita uma melhor visão de quem entra ou sai.
  • Esqueça carros: as janelas farão de vocês presas fáceis.
  • Prefira zonas de pedestres.
  • Se for preciso, sugira à fonte um local para o encontro e na última hora mude de ideia. Desta forma a pessoa precisa ir até você e fica fácil observar se ela está sendo seguida.

7) Tenha em mente um plano de fuga:

  • Faça movimentos rápidos, mas sem correr para não levantar suspeitas.
  • Opte pelo transporte público e não se levante até o último momento.

FIlme “A identidade Bourne” (Foto: reprodução)
  • Entre e saia por portas diferentes, se possível.
  • Procure lugares que lhe passem segurança.

8) Inspire-se nos filmes:

Alguns dos filmes indicados pela especialista Caroline Neil são: A identidade Bourne (2002), O Informante (1999), Duplicidade (2009), Intrigas de Estado (2009) e Busca implacável (2008) são alguns deles.

9) FINALMENTE, manter a calma e não entrar em pânico!

Texto: Isabela Dias (4º ano, ECO/UFRJ)

Serviço:

Mini-curso sobre segurança: como se proteger nas ruas (Security Workshop: Protecting Yourself on the Streets.

Com Caroline Neil (International News Safety Institute/UK) 

Segunda-feira, 14 de outubro de 2013 – 15:00

 

 

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