Para diretor da IRE, jornalismo de dados é possível mesmo em países pouco transparentes

A transparência de governos e empresas desempenha papel importante para as investigações jornalísticas, mas, para Mark Horvit, diretor-executivo da Repórteres e Editores Investigativos (IRE, na sigla em inglês), “sempre é possível fazer jornalismo de dados, independente de onde você estiver”. Professor associado da Escola de Jornalismo da Universidade de Missouri, nos Estados Unidos, Horvit ministrou um workshop sobre uso de banco de dados para iniciantes, na Conferência Global de Jornalismo Investigativo. Segundo o jornalista, ótimos dados têm vindo de países onde o governo não colabora com a divulgação de números. “Em alguns países há a quantidade mínima (de informação), e em alguns lugares o governo não dá dado algum. Você encara matérias diferentes e, também, maneiras diferentes de conseguir o conteúdo”, destaca Horvit, especialista em Reportagem Assistida por Computador (RAC) e participante de programas como o Instituto Nacional de Reportagem Assistida por Computador (Nicar, na sigla em inglês).

“Há muito mais corrupção além do que conseguimos revelar”, afirma Paul Radu

Paul Radu, Xanic von Bertrab e Sheila Coronel na CGJI2013
Condomínios em Malibu, dinheiro de petrolíferas, contas na Suíça com nome falso. Foi com uma miscelânea de fraudes que a filipina Sheila Coronel começou a palestra Cobertura de corrupção e crime organizado no século 21, na Conferência Global de Jornalismo Investigativo. Sheila é a autora e editora de diversos livros, entre eles “Coups, Cults & Cannibals: Chronicles of a Troubled Decade 1982-1992” (xícara, cultos e canibais: crônicas de uma década conturbada 1982-1992, em tradução livre), uma coleção de reportagens. “É difícil encontrar o suborno, mas é fácil descobrir como o dinheiro do suborno foi gasto”, ela diz, continuando com a pergunta: “Pra que roubar se você não pode comprar?”. Para ela, a maneira mais rápida de começar é pesquisando sobre a família do investigado.

Oito ferramentas de pesquisa para investigações de negócios internacionais

A matéria investigativa está a um clique de distância. Mas, para achá-la, é necessário procurar no lugar certo. Marty Steffens da Universidade de Missouri, nos Estados Unidos, e Paul Radu, do projeto Reportagens de Crime Organizado e Corrupção, da Romênia, apresentaram, na Conferência Global de Jornalismo Investigativo, as melhores ferramentas de busca que não estão no Google. Elas são usadas como o pontapé inicial para quase todas as investigações sobre negócios internacionais. Segundo eles, o mais importante é fazer o seu próprio banco de dados.