Motivos e dicas para escrever um livro sobre reportagem investigativa

Quando um jornalista se especializa na cobertura diária de uma determinada área não é raro ele se deparar com assuntos que rendam infinitos desdobramentos. Contudo, após algumas publicações sobre o tema, facilmente o fio condutor é perdido e se faz necessário uma grande retomada a favor da sequência dos fatos, o que às vezes não cabe em jornais impressos. Dessa forma, impulsionados pela vontade e a necessidade de se aprofundar no tema e contar grandes histórias, sem correr o risco de os leitores se perderem, a solução encontrada por muitos jornalistas é utilizar o livro como suporte. Mas como migrar da realidade narrativa e comercial jornalística para a editorial?  Durante a mesa Livro de Investigação, que ocorreu na tarde do segundo dia da Conferência Global de Jornalismo Investigativo 2013, os jornalistas Hugo Alconada, do La Nación argentino, Marianela Balbi, diretora do Instituto de Imprensa e Sociedade da Venezuela, e Jacinto Rodríguez Munguía, Revista Emeequis, México. Todos com livros desta categoria publicados, ainda sem tradução para o português, compartilharam um pouco de suas experiências e deram dicas para os jornalistas que se sentem motivados a escrever um livro, mas não sabem como ou não conhecem o processo.

Cobertura do Vaticano: rupturas na Igreja e a falta de profissionais especializados

O Vaticano tem sido destaque em jornais do mundo todo por conta de publicações constantes de reportagens sobre escândalos envolvendo pedofilia, corrupção e relações suspeitas com o poder. O choque da renúncia do papa conservador alemão Bento XVI e a surpresa diante da postura simpática e diplomática do papa Francisco, um jesuíta argentino, alimentaram as esperanças de mudanças no mundo clerical.  Mas quais as possibilidade reais de um só homem realizar rupturas profundas no Vaticano? De acordo com Clovis Rossi, jornalista que cobriu a sucessão de Bento XVI para a Folha de S.Paulo, o momento ainda é de reflexão. Segundo ele, diante de muita euforia e pouca concentricidade, ainda há muito que se saber e esclarecer sobre o “Chico Buarque de Holanda universal”, como chegou a se referir ao papa Francisco Gregorio.

Arquivos ajudam a revelar histórias esquecidas

Ocultas em arquivos, histórias reveladoras podem estar esquecidas, à espera de alguém que as descubra. Esta é a lição da mesa Investigações Históricas, que contou com a presença dos jornalistas José Raul Olmos, do mexicano Diario AM;  Germán Jiménez, do portal El Colombiano; e Ewald Scharfenberg, correspondente do jornal El País na Venezuela, com a mediação de Luis Jaime Cisneros, diretor do Ipys. Luis Cisneros, Raul Olmos, Germán Jiménez e Ewald Scharfenberg
Impulsionados pela História, a paixão pela profissão e a vontade de desmascarar fatos ocultos, Scharfenberg, Jiménez e Olmos foram fundo na investigação em arquivos históricos para descobrir mensagens, cartas e ofícios que ajudaram a reconstruir capítulos desconhecidos do exercício do poder. A prática fundamental para o jornalismo investigativo, contudo ainda pouco explorada, na visão de Olmos. “Para isto é necessário paciência, perseverança, olhar crítico e capacidade de atar fios para encadear histórias atrativas”, explicou Olmos.