Os desafios do acesso a informações históricas

Matheus Leitão e Rubens Valente, jornalistas da sucursal da Folha de S. Paulo em Brasília, foram responsáveis pela publicação de uma série de reportagens que trouxe à tona arquivos confidenciais da ditadura militar brasileira. Na entrevista a seguir, feita após a mesa “Arquivos ocultos da ditadura” da Conferência Global de Jornalismo Investigativo, eles explicam o processo de apuração deste trabalho, que ganhou menção honrosa na categoria Jornal do prêmio Vladimir Herzog, e os obstáculos que enfrentaram para ter acesso aos arquivos históricos. Ivana Moreira (Veja – BH), Rubens Valente e Matheus Leitão (Folha de S. Paulo – Brasília)

O jornalista é um mediador. Você citou que é importante transformar assuntos densos em algo mais didático. O que é essencial para um jovem jornalista amadurecer quanto a isso?

Leis brasileiras são entrave para publicação de biografias de figuras públicas, afirmam escritores

Liberdade de expressão e preservação da memória: as principais propostas das biografias históricas estão sendo ameaçadas pela lei. É o que afirmam os escritores Mário Magalhães e Audálio Dantas, que falaram sobre os desafios de escrever uma biografia não autorizada na manhã de hoje (14), no Congresso Global de Jornalismo Investigativo. Para Audálio — autor do livro que conta a história do jornalista Vlado Herzog –, o pagamento de 10% sobre o valor das vendas para biografados ou familiares e empresários é “uma ação contra a liberdade de expressão”. Para escrever As duas guerras de Vlado Herzog, o jornalista foi procurar informações sobre a vida de seu personagem no Arquivo Nacional. “Eu tinha em mãos a autorização da família para ver os documentos, mas me disseram que eu precisava apresentar o atestado de óbito.

Faustini: “Quer me matar? Entra na fila!”

Depois de 35 anos de jornalismo, Eduardo Faustini não se arrepende de nenhuma reportagem que fez. Mesmo que, para seguir com o seu trabalho, seja obrigado a se cercar de seguranças e carros blindados 24 horas por dia. Tem vida social restrita e, em casos de urgência, sai do país. Insiste em atender todas as ligações do público, mas ao receber algum envelope ou caixa pelo correio, manda para o raio-x da Rede Globo. Suas matérias vão ao ar aos domingos.

Joaquim Barbosa critica a falta de preparo dos jornalistas na cobertura do STF

Rosental Alves e Joaquim Barbosa (Foto: Olívia Freitas)
O ministro Joaquim Barbosa, presidente do Supremo Tribunal Federal, criticou, nesta segunda-feira (14), a atuação jornalística na cobertura do STF. Segundo ele, a imprensa é monotemática e despreparada para cobrir a pauta. Barbosa participou da Conferência Global de Jornalismo Investigativo, que acontece na PUC-Rio até terça (15). A mesa “Brasil – avanços e retrocessos instituições” também contou com a presença do professor da Universidade do Texas Rosental Alves e do colunista da Folha de S.Paulo Fernando Rodrigues. “Sinto falta de uma cobertura com especialização e profissionalismo.

Lei de Acesso à Informação garante um passo à frente para repórteres

Em vigor no Brasil desde 2012, a Lei de Acesso à Informação ainda tem muito avançar. Segundo Fernando Rodrigues, da Folha de S. Paulo, um exemplo que o Brasil deve ter em mente são os Estados Unidos. “No site da Casa Branca é possível ver os salários de todos que trabalham para o governo, sem maiores obstáculos. Quando você clica para fazer o download, aparecerem diversas opções de arquivo, e cada um escolhe o melhor para o que necessita fazer. Isso sim é a transparência elevada à décima potência”, comenta. Além de Rodrigues, Ivana Moreira (Veja BH) e Marina Atoji (Abraji) participaram da mesa “Mapa de Acesso s Informações Públicas 2013”, na Conferência Global de Jornalismo Investigativo.

Jornalistas investigativos defendem a criação de rede global de informações

 
“É urgente o desenvolvimento de uma rede global que reúna informações compartilhadas de jornalistas investigativos”. (Foto: Juliana Granato)
Giannina Segnini, do La Nacion, Ying Chan, do Centro de Jornalismo e Estudos de Mídia da Universidade de Hong Kong, Charles Lewis, da Investigative Reporting Workshop, e Tom Giles, BBC Panorama, estiveram reunidos na PUC-Rio, nesta segunda (14), durante a Conferência Global de Jornalismo Investigativo, para debater “os futuros do jornalismo investigativo”. Consenso entre participantes, todos ressaltaram a urgência quanto ao desenvolvimento de uma rede global que reúna informações compartilhadas de jornalistas investigativos. Chan defendeu que os jornalistas devem pensar ‘fora da caixa’ e trabalhar globalmente, pois existem muitas histórias que precisam ser contadas. A Ásia, por exemplo, é um lugar do mundo pouco explorado no jornalismo investigativo.

Ganhadores do Pulitzer, Esso e SIP contam os bastidores de suas investigações

Alejandra Xanic von Bertrab, prêmio Pulitzer 2013. (Foto: Rodrigo Gomes)
Ganhadores dos prêmios Pulitzer, Esso e Excelência Jornalística da Sociedade Interamericana de Imprensa (SIP) contaram os bastidores de suas investigações na mesa “Investigaciones Premiadas”, realizada na PUC-Rio, neste domingo (13), segundo dia da Conferência Global de Jornalismo Investigativo. Em comum, todas as reportagens trabalharam com uma grande quantidade de dados técnicos e oficiais das instituições investigadas, o que significou uma tarefa extra de tradução e cruzamento das informações, além do uso da Lei de Acesso à Informação (LAI) para obter documentos sigilosos e estratégicos. O trabalho independente da jornalista mexicana Alejandra Xanic von Bertrab permitiu que ela desenvolvesse uma expertise no uso da LAI daquele país. Durante 18 meses, ela e o repórter do jornal The New York Times, David Barstow, ganhadores do Pulitzer deste ano na categoria “jornalismo investigativo”, recorreram mais de 800 vezes a repartições públicas federais, estaduais e municipais.

Projeto Excelências: conheça os parlamentares brasileiros

O que os congressistas brasileiros tentam esconder? Para responder essa pergunta, a ONG Transparência Brasil criou o projeto Excelências, banco de dados que disponibiliza na internet informações sobre parlamentares da Câmara dos Deputados e do Senado para jornalistas e para a população em geral. Em minicurso apresentado na Conferência Global de Jornalismo Investigativo, o jornalista Claudio Abramo, diretor executivo da organização, explicou o projeto e falou sobre a disponibilização de dados da vida pública brasileira. “A política brasileira é um tema rico em informação e pouco explorado”, afirmou. Segundo Abramo,  o governo brasileiro oferece muito mais informações do que a imprensa e o próprio cidadão se dão conta.

Transparência dos gastos públicos é campo fértil para jornalistas

Como descobrir quanto o governo federal gasta para alimentar as emas que vivem no Palácio da Alvorada? No início da tarde desta segunda (14), penúltimo dia da Conferência Global de Jornalismo Investigativo, que acontece na PUC-Rio até terça (15), o economista Gil Castello Branco ensinou o caminho a ser percorrido para chegar a este e outros dados sobre gastos públicos. O Diretor do Contas Abertas citou exemplos de grandes reportagens que foram capa de jornais e revistas de grande circulação e apresentou um passo-a-passo de como chegar às informações que deram origem a elas. O uso do dinheiro público para pagamento de diárias em hotéis pela ex-ministra da Cultura Ana de Hollanda, os altos repasses do Governo Federal à empresa Delta Participações, os gastos com a Copa do Mundo de 2014, quantos são os cargos de confiança nos mais altos setores do governo… Estes são só alguns dos casos que Castello Branco utilizou para demonstrar aonde estão e como é fácil acessar dados do poder público brasileiro.

A corrupção em compras feitas pelo Estado é pública, dizem palestrantes

Palestra “Investigações sobre compras estatais”, realizada segunda (14). (Foto: Rodrigo Gomes)
A corrupção em compras feitas pelo Estado é pública, afirmou Nancy Vacaflor, do jornal Página Siete (Bolívia). O jornalista participou, nesta segunda (14), da mesa “Investigações sobre compras estatais”, que compôs a programação da Conferência Global de Jornalismo Investigativo, que ocorre desde o último sábado (12) na PUC-Rio, e segue até terça (15). “Com empenho e paciência é possível encontrar indícios e provas de desvios de conduta nas licitações, nos contratos e nos aditivos”, explicou Vacaflor. Nancy apresentou uma investigação sobre a compra de 16 barcas e dois rebocadores de uma empresa chinesa pelo governo boliviano.