Transparência dos gastos públicos é campo fértil para jornalistas

Como descobrir quanto o governo federal gasta para alimentar as emas que vivem no Palácio da Alvorada? No início da tarde desta segunda (14), penúltimo dia da Conferência Global de Jornalismo Investigativo, que acontece na PUC-Rio até terça (15), o economista Gil Castello Branco ensinou o caminho a ser percorrido para chegar a este e outros dados sobre gastos públicos. O Diretor do Contas Abertas citou exemplos de grandes reportagens que foram capa de jornais e revistas de grande circulação e apresentou um passo-a-passo de como chegar às informações que deram origem a elas. O uso do dinheiro público para pagamento de diárias em hotéis pela ex-ministra da Cultura Ana de Hollanda, os altos repasses do Governo Federal à empresa Delta Participações, os gastos com a Copa do Mundo de 2014, quantos são os cargos de confiança nos mais altos setores do governo… Estes são só alguns dos casos que Castello Branco utilizou para demonstrar aonde estão e como é fácil acessar dados do poder público brasileiro.

Talend: uma ferramenta para o jornalismo de dados

 

Uma das maiores dificuldades dos jornalistas na hora de trabalhar com dados é a organização, já que geralmente os softwares disponíveis não são capazes de eliminar ruídos na informação, como agrupar palavras escritas de forma parecida. O Talend Open Studio pode resolver estes problemas, de acordo com Giannina Segnini, jornalista do La Nación in San José, da Costa Rica. Ela apresentou as funcionalidades do programa durante uma palestra na segunda manhã da Conferência Global de Jornalismo Investigativo 2013. O software de interface simples é gratuito e disponível on-line, criado para extrair, transferir e limpar grandes bancos de dados. O Talend aceita arquivos em qualquer formato e permite gerenciar processos simultaneamente. Giannina Segnini demonstrou como transferir arquivos do Excel para o Talend (Foto: Carolina Lomelino)

Giannina Segnini disse utilizar a ferramenta no dia-a-dia como editora investigativa.

Um perfil do jornalismo investigativo ao redor do mundo

Mzilikazi wa Afrika, David Leigh, Sheila Coronel, Gustavo Gorritti e Rana Sabbagh (Foto: Carolina Lomelino)
Cinco expoentes do jornalismo investigativo no mundo trocaram experiências sobre trabalhos recentes e conversaram sobre os rumos da profissão no primeiro dia da Conferência Global de Jornalismo Investigativo. Reunidos no ginásio da PUC-Rio, a professora de prática profissional em jornalismo investigativo na Universidade de Columbia, Sheila Coronel, mediou o encontro entre renomados jornalistas investigativos como David Leigh, da Inglaterra, e Gustavo Gorritti, do Peru. Também participaram do debate Mzilikazi wa Afrika, presidente do Fórum do Jornalistas Investigativos Sul-africanos, e Rana Sabbagh, diretora da  Arab Reporters for Investigative Journalism (ARIJ). Nos países onde atuam, todos relataram enfrentar pressões políticas, econômicas e sociais. O sul-africano Mzilikazi wa Afrika ganhou um processo judicial e o principal prêmio de jornalismo investigativo do país, após escrever sobre seu sequestro e prisão motivados por uma denúncia de superfaturamento no valor do aluguel de um prédio pelo governo africano. “Se você não for corajoso, não consegue fazer uma grande investigação”, ponderou Afrika.