Para König, qualidade do jornalismo investigativo brasileiro melhorou

Para Mauri König, diretor da Abraji (Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo) e repórter especial da Gazeta do Povo, nesta última década a qualidade do jornalismo investigativo brasileiro cresceu na América Latina. No showcase “as melhores investigações latinoamericanas da última década”, realizada domingo (13), na PUCRJ, o repórter destacou duas reportagens nacionais que ganharam especial destaque para ilustrar sua afirmação: “As Guerras Desconhecidas do Brasil”, de Leonêncio Nossa e Celso Junior, e a série “Diários Secretos”, de Karlos Kohlbach, Katia Brembatti, James Alberti e Gabriel Tabatcheik . “Essas são reportagens que eu gostaria de ter feito na minha vida. Grandes investigações como essas exigem muita paciência, pesquisa e tempo de dedicação”, afirmou König, na mesa que compôs o segundo dia de programação da Conferência Global de Jornalismo Investigativo, que acaba nesta terça (15). Publicada em 2010 pelo Estado de S.Paulo, a série de reportagens “As Guerras Desconhecidas do Brasil” acumulou diversas premiações importantes, como o Prêmio Latino-Americano de Jornalismo Investigativo e o Prêmio de Excelência Jornalística da Sociedade Interamericana de Imprensa (SIP), entre outros.

Informações públicas podem expor graves casos de corrupção

A importância do uso de informações públicas em processos de investigação sobre crime organizado e corrupção entre agentes de segurança do Estado deram o tom nas palestras realizadas pelos jornalistas Carlos Martínez, do El Faro (El Salvador), Martha Soto, do El Tiempo (Colômbia) e Mauri König, da Gazeta do Povo (Brasil). Para os repórteres, é possível realizar grandes trabalhos jornalísticos aliando esse tipo de dados a uma atuação de imersão e à aposta em fontes humanas. Martínez apresentou a experiência de uma reportagem em que denunciava um acordo entre o governo salvadorenho e as Pandillas, grupos criminosos responsáveis por um grande número de mortes no país, para reduzir a taxa de homicídios. “Durante um ano convivemos com os grupos, conversamos com informantes da área de segurança estatal e das Pandillas. e descobrimos que o governo estava fazendo um acerto com elas, sem realmente realizar ações que resolvessem o problema da violência”, explicou.

Jornalistas debatem cobertura das violações aos direitos humanos na América Latina

Colombianos afetados pelas guerrilhas, abusos sexuais praticados por um sacerdote na Argentina e massacre de civis na Guatemala. Cobrir este cenário de violação aos direitos humanos requer sensibilidade e atenção, qualidades que os jornalistas Luz Maria Sierra, da revista colombiana Semana, Ana Arana, da Fundación Mepi, e Daniel Enz, da revista Análisis, demonstraram ter de sobra ao apresentar os bastidores de suas reportagens na mesa “Investigações sobre direitos humanos”, realizada nesta segunda-feira (14) na Conferência Global de Jornalismo Investigativo. Marianella Balbi, Luz Maria Sierra e Daniel Enz
Segundo Luz Maria, há mais de 5 milhões de vítimas de guerrilhas na Colômbia. Esse dado consta em uma grande reportagem realizada pela equipe de profissionais da Semana, um trabalho que ficou conhecido como “Proyecto víctimas”. A ideia, nas palavras da jornalista, era explorar a plataforma multimídia, dando visão a um processo que durou mais de oito meses.

Joaquim Barbosa critica a falta de preparo dos jornalistas na cobertura do STF

Rosental Alves e Joaquim Barbosa (Foto: Olívia Freitas)
O ministro Joaquim Barbosa, presidente do Supremo Tribunal Federal, criticou, nesta segunda-feira (14), a atuação jornalística na cobertura do STF. Segundo ele, a imprensa é monotemática e despreparada para cobrir a pauta. Barbosa participou da Conferência Global de Jornalismo Investigativo, que acontece na PUC-Rio até terça (15). A mesa “Brasil – avanços e retrocessos instituições” também contou com a presença do professor da Universidade do Texas Rosental Alves e do colunista da Folha de S.Paulo Fernando Rodrigues. “Sinto falta de uma cobertura com especialização e profissionalismo.

Conferência Global de Jornalismo Investigativo termina com recorde de público no Rio de Janeiro

A 8ª Conferência Global de Jornalismo Investigativo, o 8º Congresso da Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo e a 5ª Conferência Latinoamericana de Periodismo de Investigación formaram um único grande evento em 2013 no Rio de Janeiro, o maior até hoje sobre o tema. Foram cerca de 1300 pessoas de aproximadamente 60 países que participaram das mais de 150 atividades durante os quatro dias do encontro. *Veja o infográfico com o perfil dos palestrantes e participantes da GIJC. Até então, quase todas as conferências globais haviam sido realizadas na Europa, com a exceção de Toronto, no Canadá, em 2007. No encerramento do evento no Rio de Janeiro, Brant Houston, representante da Global Investigative Journalism Network, comemorou o sucesso do evento.

Jornalistas investigativos defendem a criação de rede global de informações

 
“É urgente o desenvolvimento de uma rede global que reúna informações compartilhadas de jornalistas investigativos”. (Foto: Juliana Granato)
Giannina Segnini, do La Nacion, Ying Chan, do Centro de Jornalismo e Estudos de Mídia da Universidade de Hong Kong, Charles Lewis, da Investigative Reporting Workshop, e Tom Giles, BBC Panorama, estiveram reunidos na PUC-Rio, nesta segunda (14), durante a Conferência Global de Jornalismo Investigativo, para debater “os futuros do jornalismo investigativo”. Consenso entre participantes, todos ressaltaram a urgência quanto ao desenvolvimento de uma rede global que reúna informações compartilhadas de jornalistas investigativos. Chan defendeu que os jornalistas devem pensar ‘fora da caixa’ e trabalhar globalmente, pois existem muitas histórias que precisam ser contadas. A Ásia, por exemplo, é um lugar do mundo pouco explorado no jornalismo investigativo.

Reportagens investigativas recebem prêmios no Theatro Municipal

Não apenas de palestras, cursos e workshops foi feita a 8° Conferência Global de Jornalismo Investigativo. Também houve o momento onde os memoráveis trabalhos de investigação tiveram o devido reconhecimento. O local escolhido para abrigar, na noite desta segunda (14), a coroação das reportagens, foi o  Theatro Municipal do Rio de Janeiro. A noite iniciou em grande estilo com a homenagem prestada pela Abraji ao jornalista Marco Sá Correa. O autor da reportagem premiada com menção honrosa do Esso em 1977, sobre os detalhes da Operação Brother Sam, foi prestigiado com um vídeo que contou com o depoimento de doze colegas de profissão, dando-nos a dimensão da importância deste jornalista na história da comunicação.

Cobertura internacional deve ir além das agências de notícias, afirma Cláudia Antunes

 
Coordenador de Comunicação da PUC-Rio, Leonel Aguiar, e a jornalista Claudia Antunes
Com todos os lugares do auditório ocupados, a editora da revista Piauí Claudia Antunes discutiu como a editoria internacional no Brasil é pautada pelas manchetes dos grandes jornais estrangeiros. Seria culpa da facilidade de acesso a informações de agências de notícias ou da falta de concorrência devido à grande concentração midiática e à prevalência de um viés ideológico? Durante a mesa “Cobertura Internacional no Brasil: hora de construir uma agenda própria?”, a jornalista analisou os fatores que influem nesta editoria, na qual possui uma experiência de mais de 20 anos. As informações de agências de notícias são amplamente utilizadas por jornais, elas possuem “braços” espalhados por vários lugares do mundo, diferentemente dos semanários nacionais. Contudo, Claudia não considera que esta deva ser a fonte primordial da cobertura internacional.

Miriam Leitão diz ter sentido medo ao fazer reportagem sobre índios Awá

A jornalista Miriam Leitão conta suas histórias pela Floresta Amazônica
Jornalista há 40 anos, Miriam Leitão admite: “com tantos anos de carreira, as pessoas pensam se é possível uma jornalista experiente poder sentir medo ao fazer uma reportagem? Sim, e que bom, eu ainda tenho medo!”. Assim, a jornalista descreveu o que sentiu ao viajar para a aldeia Juruti, a convite do fotógrafo Sebastião Salgado e contar a história dos Awá em Paraíso sitiado – a luta dos índios invisíveis, publicada pelo O Globo em agosto desde ano. Com Gazeta Mercantil, Jornal do Brasil, Veja e O Estado de S. Paulo no currículo, Míriam é atualmente colunista na CBN, no jornal O Globo, comentarista no matutino Bom Dia Brasil (TV Globo) e apresentadora de um programa próprio na Globo News. Miriam contou ao público, que assistia com atenção a seu depoimento, como a reportagem com os Awá a tirou da zona de conforto ao mudar completamente seus personagens.

Motivos e dicas para escrever um livro sobre reportagem investigativa

Quando um jornalista se especializa na cobertura diária de uma determinada área não é raro ele se deparar com assuntos que rendam infinitos desdobramentos. Contudo, após algumas publicações sobre o tema, facilmente o fio condutor é perdido e se faz necessário uma grande retomada a favor da sequência dos fatos, o que às vezes não cabe em jornais impressos. Dessa forma, impulsionados pela vontade e a necessidade de se aprofundar no tema e contar grandes histórias, sem correr o risco de os leitores se perderem, a solução encontrada por muitos jornalistas é utilizar o livro como suporte. Mas como migrar da realidade narrativa e comercial jornalística para a editorial?  Durante a mesa Livro de Investigação, que ocorreu na tarde do segundo dia da Conferência Global de Jornalismo Investigativo 2013, os jornalistas Hugo Alconada, do La Nación argentino, Marianela Balbi, diretora do Instituto de Imprensa e Sociedade da Venezuela, e Jacinto Rodríguez Munguía, Revista Emeequis, México. Todos com livros desta categoria publicados, ainda sem tradução para o português, compartilharam um pouco de suas experiências e deram dicas para os jornalistas que se sentem motivados a escrever um livro, mas não sabem como ou não conhecem o processo.