A corrupção em compras feitas pelo Estado é pública, dizem palestrantes

Palestra “Investigações sobre compras estatais”, realizada segunda (14). (Foto: Rodrigo Gomes)
A corrupção em compras feitas pelo Estado é pública, afirmou Nancy Vacaflor, do jornal Página Siete (Bolívia). O jornalista participou, nesta segunda (14), da mesa “Investigações sobre compras estatais”, que compôs a programação da Conferência Global de Jornalismo Investigativo, que ocorre desde o último sábado (12) na PUC-Rio, e segue até terça (15). “Com empenho e paciência é possível encontrar indícios e provas de desvios de conduta nas licitações, nos contratos e nos aditivos”, explicou Vacaflor. Nancy apresentou uma investigação sobre a compra de 16 barcas e dois rebocadores de uma empresa chinesa pelo governo boliviano.

No México, violência contra jornalistas cresce e noticiário de violência desaparece

As denúncias de casos de agressão contra jornalistas no México chegaram a 225, entre janeiro e setembro deste ano. Dentre estes casos, dois profissionais morreram. Outros 33 deixaram o país sob ameaça. Além da violência do crime organizado, cujo principal braço é o narcotráfico que assumiu o controle de regiões inteiras do país, existe uma grave situação de censura institucional no país. Outros casos foram o sequestro coletivo de uma equipe de jornalistas, incêndio de carros de reportagem e até uma granada lançada contra a sede de um periódico.

Jornalismo de coragem na América Central

No país de Carlos Martínez a taxa de homicídios é de 80 por mil habitantes
Especialista em cobertura de violência na América Central, Carlos Martínez é repórter do grupo Sala Negra, do periódico digital Ele Faro, de El Salvador. O grupo foi criado em 2011, com o objetivo de criar um modelo regional de cobertura de permanência e imersão em centros penitenciários, quadrilhas, crime organizado e violência. Para Martínez, o diferencial do trabalho é a imersão. “Mais que falar sobre o tema, o importante é compreender o fenômeno que está ocorrendo. E isso só se pode fazer cobrindo um assunto por muito tempo, você precisa ter o tempo e a dedicação de ir até o bairro, sentar, acender um cigarro.

Informações públicas podem expor graves casos de corrupção

A importância do uso de informações públicas em processos de investigação sobre crime organizado e corrupção entre agentes de segurança do Estado deram o tom nas palestras realizadas pelos jornalistas Carlos Martínez, do El Faro (El Salvador), Martha Soto, do El Tiempo (Colômbia) e Mauri König, da Gazeta do Povo (Brasil). Para os repórteres, é possível realizar grandes trabalhos jornalísticos aliando esse tipo de dados a uma atuação de imersão e à aposta em fontes humanas. Martínez apresentou a experiência de uma reportagem em que denunciava um acordo entre o governo salvadorenho e as Pandillas, grupos criminosos responsáveis por um grande número de mortes no país, para reduzir a taxa de homicídios. “Durante um ano convivemos com os grupos, conversamos com informantes da área de segurança estatal e das Pandillas. e descobrimos que o governo estava fazendo um acerto com elas, sem realmente realizar ações que resolvessem o problema da violência”, explicou.