Leis brasileiras são entrave para publicação de biografias de figuras públicas, afirmam escritores

Liberdade de expressão e preservação da memória: as principais propostas das biografias históricas estão sendo ameaçadas pela lei. É o que afirmam os escritores Mário Magalhães e Audálio Dantas, que falaram sobre os desafios de escrever uma biografia não autorizada na manhã de hoje (14), no Congresso Global de Jornalismo Investigativo. Para Audálio — autor do livro que conta a história do jornalista Vlado Herzog –, o pagamento de 10% sobre o valor das vendas para biografados ou familiares e empresários é “uma ação contra a liberdade de expressão”. Para escrever As duas guerras de Vlado Herzog, o jornalista foi procurar informações sobre a vida de seu personagem no Arquivo Nacional. “Eu tinha em mãos a autorização da família para ver os documentos, mas me disseram que eu precisava apresentar o atestado de óbito.

Eduardo Faustini: o homem sem rosto da TV Globo

Parceiros em muitas matérias, os jornalistas da TV Globo Eduardo Faustini, André Azevedo e Fernando Molica lotaram neste domingo (13) a mesa “Reportagem com Câmera Escondida”, da Conferência Global de Jornalismo Investigativo realizada na PUC-Rio, para compartilhar experiências e contar os bastidores da notícia. Por trás das câmeras

Devido ao trabalho, Faustini recebeu a alcunha de “o homem sem rosto da Rede Globo”. Repórter e produtor do programa Fantástico há mais de 20 anos, ele entra na casa de milhões de brasileiros sem se apresentar, mas causando impacto. Durante as palestras, ele não pode ser fotografado. O máximo que conhecemos é o seu nome nos créditos das reportagens. Nenhuma imagem pode ser divulgada para preservar sua segurança mas, principalmente, para manter o anonimato que o permite entrar em qualquer lugar para continuar realizando suas reportagens que quase sempre se tornam emblemáticas e têm grande repercussão. Segundo ele, o conteúdo incriminatório de seu trabalho se resume ao que ele chama de “função de jornalista”.

Rostos invisíveis: De frente com as faces ocultas do jornalismo

Três grandes nomes estiveram presentes na palestra sobre Reportagem com Câmera Escondida no segundo dia da Conferência Global de Jornalismo Investigativo 2013, um deles foi Eduardo Faustini, jornalista da TV Globo. André Luiz Azevedo, também da TV Globo e Fernando Molica, ex-diretor da Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo (Abraji) e editor no jornal O Dia, também participaram da mesa. Conhecer o rosto de Eduardo Faustini foi privilégio dos cerca de 150 participantes presentes, já que não foi permitido filmar ou fotografar o especialista em câmera escondida.“Eu consigo fazer meu trabalho por causa desta ocultação”, explicou o repórter. Enquanto Eduardo Faustini mantem sua identidade resguardada, André Luiz Azevedo é muitas vezes o rosto de suas reportagens. “O Faustini me botou na cara do gol e eu tive o privilégio de não chutar pra fora” elogiou o colega de trabalho. Durante a palestra, foram citados exemplos de matérias feitas com câmera escondida. Foi exibida uma reportagem sobre denúncias de abuso sexual de um médico ortopedista que atendia pacientes em um Posto de Atendimento Médico (PAM), da Zona Norte do Rio de Janeiro. Na opinião de Faustini, a repórter encarregada de flagrar as atitudes indevidas do médico conseguiu o melhor enquadramento da câmera escondida até hoje.