Como fazer jornalismo investigativo na China

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A China ocupa a 173ª posição em uma lista de 179 países sobre liberdade de imprensa produzida pela organização Repórteres sem Fronteiras. Como é fazer um trabalho investigativo neste cenário? Tentando responder esta pergunta, a mesa “China e Jornalismo Investigativo”, com os jornalistas Ying Chan, Tiaqin Ji.e Reg Chua, lotou uma das salas da Conferência Global de Jornalismo Investigativo.

“A longo prazo, vejo luz no futuro, mas a curto prazo está muito difícil”, afirma Ying Chan.

A luz no futuro é a interatividade da web 2.0, que chegou à China em 2008 com a Sina Weibo, rede social mais popular do país. Na Sina Weibo, jornalistas chegam a ter mais de 10 milhões de seguidores, ganhando poder e influência.

“Com a internet e os smartphones, todo mundo pode ser repórter e fica mais fácil viralizar as denúncias”, diz Ying Chang,

No terremoto de 2008 em Sichuan, que resultou em aproximadamente 70 mil mortes, a população desconfiou do número de mortes de crianças divulgado pelo governo, acreditando que os números reais fossem bem maiores. Assim teve início uma investigação popular para criar uma lista com todas as crianças mortas. Graças à internet, foi mais fácil fazer a coleta de nomes e dar notoriedade ao caso.

Pórem, graças aos avançados recursos técnicos e à própria internet, o governo também tem mais facilidade de apertar o cerco a opositores. Um dos principais ativistas da investigação sobre as crianças mortas, Tan Zuoren, foi condenado à prisão.

Resta aos jornalistas e aos cidadãos buscar maneiras de fazer jornalismo investigativo de maneira bem pensada e criativa.

“É importante consultar o editor e um advogado sobre a legalidade do que se está fazendo. Muitos documentos são confidenciais e você pode ser enquadrado na Lei do Segredo de Estado”, afirma Tianqin Ji, especialista em reportagens de assuntos legais.

“Uma prática existente é fazer uma investigação local, pedir para que um jornal de outra região publique uma matéria sobre o assunto e depois republicar a matéria do outro jornal, para não sofrer represálias do governo local”, diz Ying Chang.

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Texto: Carolline Carvalho (4º ano/ECO-UFRJ)

Serviço:

China e Jornalismo Investigativo

Com Ying Chan (Universidade de Hong Kong), Reg Chua (Thomson Reuters), Tianqin Ji (Southern Weekly)

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