Parceiros em muitas matérias, os jornalistas da TV Globo Eduardo Faustini, André Azevedo e Fernando Molica lotaram neste domingo (13) a mesa “Reportagem com Câmera Escondida“, da Conferência Global de Jornalismo Investigativo realizada na PUC-Rio, para compartilhar experiências e contar os bastidores da notícia.
Por trás das câmeras
Devido ao trabalho, Faustini recebeu a alcunha de “o homem sem rosto da Rede Globo”. Repórter e produtor do programa Fantástico há mais de 20 anos, ele entra na casa de milhões de brasileiros sem se apresentar, mas causando impacto.
Durante as palestras, ele não pode ser fotografado. O máximo que conhecemos é o seu nome nos créditos das reportagens. Nenhuma imagem pode ser divulgada para preservar sua segurança mas, principalmente, para manter o anonimato que o permite entrar em qualquer lugar para continuar realizando suas reportagens que quase sempre se tornam emblemáticas e têm grande repercussão.
Segundo ele, o conteúdo incriminatório de seu trabalho se resume ao que ele chama de “função de jornalista”. Ao ser perguntado sobre as consequências de suas reportagens, ele é incisivo: “A minha preocupação é a informação. O jornalista não tem que se preocupar com o jurídico. A nossa prioridade é informar e não punir”, destaca.
Portando uma câmera escondida, investiga e denuncia pessoas influentes e poderosas. Para conseguir as informações, sua técnica de entrevista, como ele mesmo definiu em sua palestra, é “se fazer de burro”. Perguntar, perguntar e perguntar até o entrevistado ser extremamente claro no que está revelando. Como a fala do investigado é o ponto certo para incriminá-lo, Eduardo conduz seus diálogos para que os funcionários entreguem o esquema e as fraudes.
Compra Ilegal de Túmulos
Entre as inúmeras reportagens polêmicas produzidas pelo jornalista, umas das mais recentes é a da compra ilegal de túmulos na cidade do Rio de Janeiro. Veiculada em julho deste ano, mostrava a venda de túmulos construídos ilegalmente – por R$ 150 mil o metro quadrado, nas áreas mais nobres do cemitério ou em locais que já tinham donos.
Durante dois meses, Eduardo fez negociações prévias com os responsáveis pela fraude e, em seguida, foi aos cemitérios para ver o que os funcionários ofereciam. Ele negociou a compra de túmulos ilegais em três cemitérios públicos administrados pela Santa Casa da Misericórdia do Rio de Janeiro.
A investigação começou com telefonemas para a administração dos três cemitérios: o São João Batista – o único na zona sul, a área mais cara da cidade; o Cemitério da Cacuia e o São Francisco Xavier, mais conhecido como Caju. Após meses de negociação, o túmulo comprado por Eduardo Faustini ficou finalmente pronto: na calçada, espremido entre dois jazigos.
Na reportagem, os funcionários da Santa Casa afirmaram que o responsável pela entidade, o presidente Dahas Zarur, recebia dinheiro em cima das vendas ilegais. Ao serem procurados por outra equipe do Fantástico, desta vez com um repórter “com rosto” conhecido, e negaram envolvimento com o crime.
Texto:
Louise Rodrigues (4º ano, ECO/UFRJ)
Serviço:
Hidden Camera Coverage – Reportagem com Câmera Escondida
Com Eduardo Faustini (TV Globo), André Luiz Azevedo (TV Globo) | Moderador: Fernando Molica (Jornal O Dia)
Domingo, 13 de outubro de 2013 – 11:00