Três grandes nomes estiveram presentes na palestra sobre Reportagem com Câmera Escondida no segundo dia da Conferência Global de Jornalismo Investigativo 2013, um deles foi Eduardo Faustini, jornalista da TV Globo. André Luiz Azevedo, também da TV Globo e Fernando Molica, ex-diretor da Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo (Abraji) e editor no jornal O Dia, também participaram da mesa.
Conhecer o rosto de Eduardo Faustini foi privilégio dos cerca de 150 participantes presentes, já que não foi permitido filmar ou fotografar o especialista em câmera escondida.“Eu consigo fazer meu trabalho por causa desta ocultação”, explicou o repórter. Enquanto Eduardo Faustini mantem sua identidade resguardada, André Luiz Azevedo é muitas vezes o rosto de suas reportagens. “O Faustini me botou na cara do gol e eu tive o privilégio de não chutar pra fora” elogiou o colega de trabalho.
Durante a palestra, foram citados exemplos de matérias feitas com câmera escondida. Foi exibida uma reportagem sobre denúncias de abuso sexual de um médico ortopedista que atendia pacientes em um Posto de Atendimento Médico (PAM), da Zona Norte do Rio de Janeiro. Na opinião de Faustini, a repórter encarregada de flagrar as atitudes indevidas do médico conseguiu o melhor enquadramento da câmera escondida até hoje.
Um dos grandes mistérios revelados ao público foi como Faustini age para não ser descoberto durante as investigações feitas para a construção da matéria. O repórter deu como exemplo sua tática usada durante a reportagem que revelou um esquema de compra de armas: “É preciso ter domínio do meu corpo, não posso suar ou tremer. Eu estou vivendo aquele mundo e preciso incorporar da melhor maneira. Prefiro atrair a pessoa para um local em que eu tenha total controle”, detalhou.
A questão ética foi também ponto importante discutido no debate. “Não existe ética ou não ética, a câmera escondida é um equipamento e, como tal, ela pode ser bem ou mal usada”, ponderou Azevedo.
Os palestrantes concordaram que o jornalismo, principalmente o investigativo, mudou sua forma de ser construído após o caso Tim Lopes, em 2002. “O Jornalismo Investigativo tem um preço antes da morte do Tim. Era um jornalismo prático, nas sombras. Depois houve uma jogada de luz nessa área (…) o jornalismo investigativo ganhou maior visibilidade”, afirmou Faustini.
De acordo com ele, há maior preocupação com a segurança e, nos últimos anos, a Redação tem trabalhado junto ao Departamento Jurídico. A parceria proporciona maior respaldo e valoriza o trabalho do jornalista, que agora pode ser mais elaborado. Como exemplo, Eduardo Faustini afirma orgulhoso a ausência de processos contra ele.
Mesmo com todos os equipamentos de segurança fornecidos pela empresa, os jornalistas concordaram que o repórter é o maior responsável pela própria segurança. “Somente o repórter pode medir o seu limite”, ressaltou André Luiz Azevedo.
Questionado se já pensou em trocar de profissão, por ser considerada uma atividade perigosa, Eduardo Faustini não teve dúvidas: “Sou apaixonado pelo meu trabalho, trabalharia até de graça”, brincou.
Texto: Bruna Caldas ( 4 ° ano Facha – Faculdades Integradas Hélio Alonso)
Serviço:
Hidden Camera Coverage – Reportagem com Câmera Escondida
Com Eduardo Faustini (TV Globo), André Luiz Azevedo (TV Globo) | Moderador: Fernando Molica (Jornal O Dia)
Domingo, 13 de outubro de 2013 – 11:00